sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Do oito ao oitenta

"Taça UEFA - Benfica perde e despede-se da Europa pela porta dos fundos

Sejamos justos: o Benfica não merecia uma crueldade tão grande. Ninguém acreditava que um milagre pudesse acontecer ontem à noite no Estádio da Luz. A começar por Quique Flores, que o disse com todas a letras antes do jogo começar e que levou a descrença para dentro do relvado na forma de uma equipa alternativa, e a acabar nos adeptos, que se recusaram a ser cúmplices de uma das mais tristes despedidas europeias do Benfica, deixando as bancadas entregues a uma mancha residual de indefectíveis, seguramente das mais minguadas assistências do recinto.

A ilusão dos oito não passou disso mesmo. Mas sair da Taça UEFA com mais uma derrota... isso é que parecia algo ainda mais irreal. E aconteceu. Um oitenta ao contrário e novo golpe duro no prestígio internacional do Benfica, tristemente remetido para último lugar de um grupo da UEFA que em cinco equipas apura três.

Sem espanto, assistiu-se ontem a um jogo frio e desinteressante. A fazer lembrar aqueles particulares de início de época que não servem para mais do que dar ritmo. Na parte inicial houve ainda uma ligeira expectativa, para ver até que ponto o Benfica seria capaz de marcar um golo cedo, um fósforo que pudesse acender o rastilho da esperança. Mas o Metalist, sendo uma equipa modesta e limitada – o facto de estar apurada à partida retirou--lhe pressão – sabia exactamente o que tinha a fazer perante um adversário em busca de uma goleada: aguardar serenamente atrás, não perder os equilíbrios tácticos e esperar pelo contragolpe. Levou a estratégia quase até ao final do jogo, passou incólume às investidas do Benfica, mas no momento certo mostrou como, com futebol simples, até parece fácil meter a bola na baliza do adversário.

O Benfica teve várias oportunidades de golo ao longo jogo. Não seguramente a justificar uma goleada por oito, mas ainda assim a merecer ganhar por alguns. Aos sete minutos Urreta falhou na cara do guarda-redes. À passagem da meia hora o mesmo jogador mandou uma bola à barra. A bola caiu a pique, beijou a linha e saiu para fora. Se aquela não entrou, nenhuma outra haveria de entrar. Estava fechada a baliza do Metalist. Mas vendo bem as coisas, podia ter sido pior. Olha se o Benfica tivesse precisado de um só golinho para seguir em frente... “

19 Dezembro 2008
Correio da manhã

Sem comentários: