quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Varicela - CAPITULO III

Consulta com a Pediatra

Na Sexta-feira às 9.00 horas em ponto a minha mulher telefonou para a Pediatra da minha filha, informando que a catraia tinha varicela e que necessitava de marcar um consulta com urgência.

A Senhora Doutora marcou a consulta para as 11.00 horas desse dia.

Os meus amigos devem estar a perguntar: “Mas o que aconteceu ontem no CATUS de Torres Vedras?”

Depois de uma conversa com a senhora do balcão de atendimento e a evaporação da Senhora Doutora Espanhola que queria ir à vidinha dela, resignámo-nos e fomos para casa. Decidimos que no dia a seguir, na Sexta-feira, a minha mulher e eu devia-mos faltar ao trabalho, e marcar uma consulta em Lisboa, na Pediatra da nossa filhota.

Às 11.00 horas, lá estava a Senhora Doutora à nossa espera. Viu a Menina de alto a baixo. Falou com ela, mostrou empatia e profissionalismo, receitou o que achava que devia receitar, informando que normalmente é raro surgirem complicações, sugerindo coisas, para aliviar os sintomas da bicharada que tinha invadido o corpinho da minha filhinha, não como uma profissional, mas como mãe.

No final da consulta, que não demorou dois ou três minutos, a Senhora Doutora, sem que ainda se tivesse falado na Declaração para o Infantário nem no Atestado médico, sacou de umas folhas, que aparentemente sempre tinham estado na secretária, e começou a escrevinhar, parando só para perguntar qual dos pais iria ficar com a criança, e para informar que Segunda-feira a oito dias, a pirralha já poderia voltar para a escola.

Depois entregou os papéis com as receitas, a Declaração para o Infantário e o Atestado médico à minha mulher, deu um abraço e um beijinho à minha filha… oferecendo os préstimos para qualquer problema que pudesse surgir durante esta semana de cativeiro.

Com a nossa saída do consultório, terminou também esta pequena aventura, começando outra (a recuperação da varicela), que daria certamente alguns posts…

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Varicela - CAPITULO II

Fomos ao CATUS

A minha mulher decidiu que devíamos ir ao CATUS (Centro de Atendimento de Urgências) de Torres Vedras, que fica mesmo ao lado do Hospital.

Presumivelmente lá, além de atenderem a nossa filha, também certamente iam passar a declaração para entregar no infantário, bem como passar um Atestado para o papá ou mamã.

Chegando ao CATUS, constatei que tivemos sorte eram 21.20 (fechava às 21.30 horas). Fomos logo encaminhados para um gabinete onde uma Senhora Doutora Espanhola nos esperava, sentadinha por detrás de uma secretária, já prontinha para ir à vidinha dela.

Pareceu-me logo que a sorte tinha sido de pouca dura.

Explicámos o que nos tinha levado àquele serviço, numa noite de chuva, mas a senhora não perceber nada do que estávamos a falar. Mostramos algumas borbulhas, dissemos que no infantário da nossa filha havia sete casos de Varicela e que julgávamos que ela tinha contraído o maldito vírus, mas a senhora continuava ali sentadinha a sorrir.

A certa altura, lá entendeu que só nos íamos embora, deixando-a assim ir também à vidinha dela, se olhasse melhor para a garota.

Pediu para a despir… depois olhou para a criança e pediu para a voltar a vestir (tudo isto sem tirar o rabo da cadeira). Abriu uma gaveta, remexeu outra, mostrando um ar atarefado, como se estivesse à procura de algo que só os médicos sabem o que é, desencantando finalmente uma caneta.

Pegou no Livro de receitas… e escrevinhou ATARAX. De seguida disse para dar-mos três vezes ao dia uma colher de sopa daquele Xarope e qualquer coisa com Betadine, que não percebi.

- Certo! Obrigada! Agora necessitamos de uma Declaração para o Infantário e um Atestado para um dos pais!

Acho que isso foi um pedido herético, um insulto, segundo a cara da Senhora Doutora Espanhola prontinha para ir à vidinha dela. Porque ela não podia passar nada disso, não era com ela, não tinha autorização.

A declaração e o Atestado tinham que ser passados pelo médico de família.

- Mas nós não temos médico de família! – Disse a minha mulher.

- Então como fazem quando ficam doentes? – Perguntou a Senhora Doutora Espanhola que continuava a não poder ir à vidinha dela, por causa de dois tugas e da filha.

- Nós nunca ficamos doentes! – Respondeu a minha mulher com ironia.

A Senhora Doutora Espanhola, levantou-se (pela primeira vez desde que tínhamos entrado no gabinete), pediu para a acompanhar-mos e saiu da sala.

Dirigiu-se ao balcão de atendimento, falou com a senhora que lá estava e finalmente seguiu à vidinha dela, deixando-nos com a senhora do balcão de atendimento.

Simpatia não faltava à Senhora (mas só isso não basta)!

Explicou-nos que a Declaração e o Atestado tinham que ser passados pelo médico de família, recomeçando a conversa de surdos, em que a minha mulher voltou a informar que não tinha-mos médico de família.

A Senhora tinha mais duas formas de resolver o problema:

1ª A minha mulher deveria ir com a minha filha no dia seguinte ao Centro de Saúde da Silveira, e dizer à administrativa que estivesse de serviço, que tinha estado no dia anterior à noite no CATUS de Torres Vedras, onde a filha teria sido consultada, e que necessitava de uma Declaração e um Atestado.

2ª Voltar no dia seguinte com a minha filha ao CATUS, para sermos atendidos por um colega da Senhora Doutora Espanhola que entretanto já devia ter ido à vidinha dela, e que esse sim poderia passar a Declaração e o Atestado.

Ora bem, ambas as soluções tinham problemas, ora vejamos…

No dia seguinte, que seria Sexta-feira, eu iria trabalhar e a minha mulher iria de transportes públicos com uma criança doente para um centro de saúde apelar a uma administrativa, para que tivesse a gentileza de passar uma Declaração e um Atestado médico, não havendo qualquer garantia, mesmo depois de todo o desconforto provocado, a uma criança doente e a uma mãe que teria de andar uns quilómetros a pé, e apanhar dois autocarros, carregando durante esse tempo todo uma criança ao colo, de o apelo ser satisfeito. O mais certo seria ter que ficar horas e horas no centro de saúde à espera que algum médico tivesse uma vaga para consultar a criança e depois, sim… passar a Declaração e o Atestado.

Quanto à segunda… não entendi como é que um colega da Senhora Doutora Espanhola, podia passar a Declaração e o Atestado no dia seguinte e a Senhora Doutora Espanhola não (estas coisas também não são para ser entendidas).

Já agora aproveito para perguntar, pode ser alguém me saiba responder a esta questão, como é que o Ministério da Saúde contrata pessoas que segundo parece são médicos, mas que não sabem falar português?

Tento-me convencer que devem ser profissionais extraordinários! Basta-lhes olhar para o doente e sabem de que padece e qual o tratamento que lhe devem administrar.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Varicela - CAPITULO I

Passeio até às Urgências


Na passada Quinta-feira venho do Trabalho mais a minha mulher, e quando chego a casa da Ama da minha Filhota, recebo como presente, uma garota toda feliz que diz cantarolando: “Estou com Varicela!”

Que fixe! Pensa a garota, já que agora vai ficar em casa na companhia de um dos pais.

Que Merda! Penso eu, já que estive de férias nas últimas duas semanas e foi necessário começar a trabalhar (era o meu primeiro dia de trabalho depois das férias) para a garota apanhar o vírus varicela-zoster.

Mas tudo bem, estamos na época destes bicharocos, e mais vale apanhar Varicela com 4 Anos que depois com idade mais avançada.

Dirigi-me às Urgências do Hospital mais próximo, que era o Hospital de Torres Vedras, onde depois da Triagem nos atribuíram uma fita verde para colocar no pulso da catraia. Fomos para a sala de espera da pediatria, onde sem mais nada para fazer comecei a ler tudo o que era informação, afixado nas paredes.

A primeira coisa que reparei foi num quadro com várias cores. Para quem não sabe, no Hospital de Torres Vedras agora é usada a Triagem de Manchester (já em vigor em vários Hospitais do País, está acreditado pelo Ministério da Saúde, Ordem dos Médicos e ordem dos Enfermeiros).

Ou seja, após a inscrição na Admissão de Utentes, o doente é encaminhado para um gabinete, onde será atendido por um Enfermeiro que faz algumas perguntas sobre o motivo da vinda e após uma observação rápida, mas objectiva, como dizem, é atribuída uma "cor".

Existem cinco cores, vermelho, laranja, amarelo, verde e azul, cada uma representando um grau de gravidade e o tempo ideal em que o doente deverá ser atendido.

Vermelho (EMERGENTE), entrará de imediato no balcão a que se destina.

Laranja (MUITO URGENTE) e Amarelo (URGENTE), entrará para uma sala de espera interna onde o Médico o chamará para ser observado e tratado.

Verde (POUCO URGENTE) e Azul (NÃO URGENTE), aguardará na sala de espera a sua vez, que será quando não houver doentes mais graves para serem tratados.

Segundo esse quadro a espera poderia variar entre duas a quatro horas, comentei isso com a minha mulher…

Na mesma sala estava uma senhora com uma criança, que ao ouvir o meu comentário, esboçou um sorriso e meteu o bedelho dizendo, que o filho também tinha recebido uma fita verde, e que já estava ali à cerca de oito horas à espera.

O que é que se podia fazer???

Nada! Por isso continuei a minha leitura… e desta vez reparei num cartaz que dizia que não passavam declarações para entregar nos infantários e escolas e que não se passavam atestados médicos.

Ai o caneco… então a garota tinha que ficar uns dias em casa, um dos pais ia ter que faltar ao trabalho para ficar com ela e não passavam declarações nem atestados???

Comentei com a minha mulher, que pegou logo no telemóvel, fez uma marcação, saiu da sala, voltando passados uns minutos com cara de poucos amigos, agarrou na nossa filhota e disse:

- Vamos embora!

Rouxinol Fadista