sexta-feira, 11 de abril de 2008

Amolgadela

Caros amigos,

Na Quarta-feira, mais ou menos a seguir à hora de almoço, à frente de um dos muitos "Serviços Público" deste nosso pequeno Jardim, uma senhora Doutora que tinha o carro estacionado no espaço reservado a viaturas celulares, foi prendada com uma valente amolgadela na viatura.

Segundo parece foi coisa pouca, coisa que se resolve com uns míseros 800 Aéreos (segundo o que disse a Senhora).

Até aqui tudo bem, batidas acontecem todos os dias, e que eu saiba não há lugar onde se possa estar livre de dar ou receber galardão idêntico.

Acontece que ninguém viu nada, mesmo estando à entrada uma viatura celular e um carro da PSP, mais uma série de funcionários a fumar o seu cigarrito.

Sim, ali fumam na rua. Não se pode fumar agora em edifícios públicos!

O cenário fica completo se juntar-mos mais um ou dois advogados, três ou quatro mirones, a senhora da residencial a passear o cãozinho, e a câmara de segurança à entrada da garagem!

Eu disse Câmara de Segurança, porque foi na rua, porque o tal "Serviço" é equipado com um sistema de segurança sofisticado, criando o que os técnicos chamam de circuito fechado.

Um Circuito fechado é uma coisa tipo Big-Brother, todos os cantos estão a ser observados (informo que o dito tribunal está apetrechado com umas 16 câmaras)

A senhora Doutora, proprietária do carro estacionado no local, onde em tempos rebocaram o meu TOY, e onde um amigo e colega meu, se viu também em tempos idos, na eminência de ver o seu Mastorbicha ser multado, tudo em virtude de estar parado numa zona reservada exclusivamente a viaturas celulares, teve quase um parto, ali mesmo no meio do passeio. O parto só não ocorreu porque a senhora não se encontrava em estado de graça.

A senhora depois de se recompôr, tentou junto das senhoras da portaria saber se viram alguma coisa, e como ninguém pelos vistos viu ou ouviu algo… a senhora virou-se para a câmara de segurança e falou:

“Câmara, Câmara, Câmarazinha…
Viste quem bateu na minha carrinha???”

Mas a Câmara não lhe respondeu, pelos vistos sofria de miopia desde tenra idade, e o mais provável é que só tivesse vislumbrado umas sombras.

A senhora Doutora tentou então falar com a senhora manda-chuva do "Serviço", mas infelizmente não estava, já tinha saído.

Virou-se então novamente para as senhoras da portaria, que viam a vida delas a ficar complicada, uma vez que necessitavam de chegar cedo a casa para prepararem o jantar para os maridinhos, mas como a coisa estava, o melhor mesmo era telefonarem e informarem os queridos que se ajeitassem com umas latinhas de atum, que têm uma abertura fácil. Não se podiam esquecer de avisar para terem cuidado, não fossem eles, por falta de prática, cortarem-se nas latas malvadas.

Depois de cerrado inquérito sobre o funcionamento, responsabilidade na manutenção do equipamento, gravação de imagens, armazenamento da informação, etc., ficou a saber que naquele serviço, ninguém, do mais pequenino ao mais desenvolvido física e intelectualmente, sabia como o equipamento funcionava… e como cúmulo, se estaria sequer a funcionar.

Ficou a saber que as senhoras da portaria logo quando chegavam ao "Serviço"… ou seja, logo de manhã depois de terem chegado ao "Serviço" e depois de voltarem a sair para tomarem o primeiro cafezinho… ou melhor, logo de manhã depois de terem chegado ao "Serviço", de terem tirado os casacos, terem ido à casa de banho, terem telefonado para toda a família, mesmo para os parentes residentes no estrangeiro, e finalmente terem regressado ao "Serviço" após o abandonarem por breves instantes para o tal primeiro café da manhã, carregavam num botão (único) na parte da frente de um computador colocado na portaria… e mais nada!

A Senhora Doutora compreendendo finalmente que dali não levava nada pediu para ligarem ao senhor, que dava apoio àquele "Serviço" na área das novas tecnologias.

Reparem!
Se o problema fosse uma caneta BIC sem tinta não havia nada a fazer porque a senhora manda-chuva do estamine não estava e nem sequer havia possibilidade de a contactar, mas como se tratava de um equipamento MODERNO, devia ser certamente coisa para um caramelo que tratava das NOVAS TÉCNOLOGIAS.

Gostaria de informar que o incidente que deu origem a tal rebuliço ocorreu a seguir à hora de almoço, e naquele momento em que decidiram ligar para o mecânico dos computadores já o sol ia em declínio acelerado.

Ora bem, a senhora manda-chuva do tal "Serviço Público" já não estava e não era possível contactá-la, mas mesmo não estando àquela hora o tal bezerro das novas tecnologias era sempre possível entrar em contacto com ele telefonicamente. Segundo parece esses indivíduos até quando vão à casa de banho levam o telemóvel, que como devem imaginar não é um trambolho como o vosso mas sim um instrumento da última geração em comunicações.

Dizer que é um telemóvel da última geração talvez seja um exagero muito grande, dizer que é da penúltima, talvez não deixe de ser um exagero na mesma, mas também não interessa aqui o modelo nem a marca do fabuloso instrumento para falar à distância, o que interessa é que o Senhor atendeu o telefone e foi muito prestável.

Falou primeiro com cada uma das senhoras da portaria e de seguida com a Senhora Doutora. Tratando cada uma delas com a urbanidade e profissionalismo que se espera de um técnico.

Ao atender o telemóvel e reconhecendo a voz da primeira interlocutora saudou-a com um “AI, O CARALHO!”

Com a segunda, empregou várias vezes um termo técnico da profissão “CUM CANECO!

E finalmente com a terceira, que era a senhora Doutora, resolveu o problema:

“Ó DRª… NÃO TENHO NADA A VER COM ISSO, LIGUEM PARA A CENTRAL DE ALARMES, PARA A SENHORA MANDA-CHUVA, PARA O GAJO QUE MANDOU INSTALAR ISSO!”

Lá está o que costumo dizer… “mais vale telefonar a quem sabe!”

Telefonaram então para a empresa de segurança, que prontamente enviou um perito para avaliar a situação. Estas coisas todas demoram o seu tempo. Quando o funcionário da empresa de segurança chegou, já o elemento que dá apoio às novas tecnologias daquele "Serviço" devia estar a jantar e muito provavelmente a senhora manda-chuva, já estava a dormir ou na pior da conjecturas a brunir a roupa, que ia trajar no dia seguinte.

Segundo o que me foi relatado, o perito era muito jeitoso, mas infelizmente não podia fazer grande coisa, isto depois de estar uma boa meia hora de volta do tal computador da portaria, o tal que só tinha um botão na parte da frente, porque para poder fazer alguma coisa necessitava de uma password.

É compreensível que um técnico de uma empresa de segurança que é enviado para um determinado local para aplacar os ânimos de três senhoras, duas que tinham os maridos no hospital porque entretanto se descuidaram e dilaceraram os pulsos, enquanto tentavam abrir umas latitas de atum, e uma terceira que devia estar feliz por ter o carro amassado, não soubesse as passwords para aceder às gravações.

Isto partindo do principio que havia algures uma gravação.

Se queriam alguém que soubesse as passwords deviam ter ligado para empresa de segurança a pedir exactamente isso, mas não… telefonaram a solicitar para enviarem alguém porque tinha ocorrido um acidente e gostariam de ver as imagens.

Como este relato já vai longo, e estou com alguma premência em ir ao WC baixar a pressão de minha bexiga, vou concluir muito sucintamente.

A senhora Doutora deu a sua demanda por respostas encerrada, com a promessa que no dia seguinte voltaria à carga.

No dia seguinte, ontem portanto, a senhora Doutora foi falar com a senhora manda-chuva do "Serviço", que por sua vez voltou a falar com o elemento de apoio às novas tecnologias, que repetiu o que já tinha dito às três senhoras no dia anterior.
Elucidada embarcou em busca das imagens extraviadas…
E assim acaba a história!
Desculpem mas tenho que ir…deixei sair dois pingos…

O V/ Procrastinador

P.S.- Desculpem ter interrompido assim a narrativa, mas foi por um motivo muito forte. Agora já estou mais aliviado e gostaria de aditar mais umas coisas.

1º- Depois do técnico da empresa de segurança se ter deslocado ao tal "Serviço", as imagens que podiam ser vistas no monitor do computador que está na portaria e que só tem um botão, deixaram de o ser… as câmaras do portão da garagem, dos dois pisos de garagem e as do R/C, deixaram de transmitir imagem. Mas isso também não é muito importante uma vez que sobejam as câmaras dos restantes seis pisos.

2º- A Senhora manda-chuva do tal "Serviço Público", ficou a saber que para visualizar imagens que não fossem as que estão a ser difundidas em directo no monitor do computador da portaria, teria que ter um determinado software instalado numa máquina qualquer e assim, SIM!

3º- A Senhora manda-chuva do tal "Serviço" ficou ainda a saber que fora de horas não há gravações. O equipamento só começa a gravar caso o alarme dispare. Se o alarme estiver desligado, não há nada para ninguém.

1 comentário:

Anónimo disse...

Dava um bom filme!